Economia ou Ilusão

Por E.Luighi

Olá amigos! Não sei se já perceberam, está aumentando no mercado as opções de réplicas ou clones, de guitarras e contrabaixos. Por enquanto, os modelos mais procurados são das guitarras Ibanez Jem, Gibson Les Paul Custom, e Standard, Fender modelo Strato, e Telecaster, Contrabaixos Fender modelo Precision e Jazz Bass, e por fim os da marca Rickembacker. Contudo, guitarras PRS, Contrabaixos Music Mam, e Alembic, e violões Taylor, também já estão aparecendo nas listas de “disponíveis” para compra. Particularmente  acho que réplicas possuem seu lugar ao sol, uma vez que muitos modelos originais quando chegam aqui no Brasil têm seu preço muito elevado por causa de custos de importação, impostos, e lucros das revendas, tornando-se assim um péssimo custo/beneficio. Isso sem contar quando a marca está valendo mais que o produto, ou ainda está se pagando royalties ao artista que assina o modelo.

Enfim, isso tudo abre uma porta para surgimento da réplica. Sim, porque quando o preço de algo só se justifica pelo valor de mercado e não pelo conjunto da obra, faz com que as pessoas que não estão nem aí pela marca ou modelo, começem a procurar por algo semelhante com valor mais justo, desta forma a réplica é uma das opções. É claro que quase sempre existem opções semelhantes sem precisar adquirir cópias ou imitações, entretanto, às vezes por uma questão de cenografia, generalidade, ou simplesmente simpatia a marca ou logomarca, se adquire uma réplica.

O problema não está em adquirir uma réplica, mas sim em adquirir uma cópia pensando ser verdadeira, daí o nome muda para Falsificação.  A Música & Mercado definiu bem!

Réplica: é uma reprodução perfeita, concebida com a intenção de recriar com exatidão uma cópia que agrega conceitos e fatores históricos. Esse tipo de cópia comumente não visa grandes lucros comerciais, apenas recria a peça baseada num conceito.

Cópia: produzida comumente em larga escala e sem autorização do fabricante original, configura-se quando empresas produzem exemplares similares ou ‘inspirados’ no original. Não tem intenção de se ‘fazer passar’ pelo original e utiliza uma grife própria em termos de logomarca, ou se utilizar a mesma marca ou modelo, em algum lugar visível no produto, assina como versão, cópia ou modelo, pois precisa divulgar o nome da sua empresa e produto para usufruir do mérito de uma cópia bem feita, ou até melhor que o original, por exemplo.

Falsificação: é uma reprodução comumente de baixo custo que exala a contundente intenção de ludibriar o consumidor. Utiliza a logomarca original de maneira indevida e sugere de maneira técnica e visual que a peça é genuína. E é claro,  produzida sem autorização dos fabricantes originais.

Com relação às réplicas que testei, as que imitam as Ibanez Jem no headstock não levam a logomarca da Ibanez (coisa muito fácil de fazer – acredito que idéia seja apenas de cópia), e os acessórios são de qualidade regular a boa. As madeiras do corpo variam muito de material, e vão regular a muito bom, contudo, as madeiras do braço dos modelos que testei sempre eram de Maple e Rosewood – muito boa associação. De maneira geral, bom custo benefício necessitando, em todas que testei, de uma plainagem na escala com novos trastes, e uma regulagem completa caso queira um instrumento preciso.  Porém, ainda assim, valendo a pena.

Quanto às réplicas dos modelos da Gibson o estado e a qualidade do produto são mais variáveis, contudo, esses até numero de série possuem. Todos os modelos que testei, para ficarem com desempenho perfeito, também precisam de uma customização no braço. O hardware e a captação são de sofrível a bom, (ou seja, muito indefinida a qualidade por ser muito variável), e as madeiras dos modelos testados eram cedro e Rosewood. O resultado geral dos instrumentos é muito bom, ainda mais que o custo é excelente, entretanto já se sabe de casos onde foram vendidos como originais.

Desta forma então, é preciso ficar atento para não ser enganado. Comprar apenas de lojas confiáveis, e ser for usado, ir a um Luthier experiente junto com o vendedor para garantir autenticidade do instrumento.

Postei algumas fotos de duas belas réplicas e de uma original. Não há grandes dicas a serem dadas, pois, falhas que foram cometidas em um modelo não foram em outro e assim sucessivamente… Porém, em todos “espécimes” que testei na parte de trás do braço possuía emenda na madeira, enquanto o original o braço é integral. Outro detalhe importante é a porca de ajuste do tensor que da Gibson é dourada de desenho singular, enquanto que a imitação é do tipo tradicional a quase todos os instrumentos. As marcações de escala (Inlay) na original são feitas em madrepérola, enquanto nas réplicas em material sintético. Mas já vi réplicas com marcações em madrepérola. Em algumas imitações a pintura é sofrível, contudo em algumas são excelentes.

Claro que se desmontar o instrumento, perceberá que os acessórios não são autênticos, a forma como foi cortado o corpo internamente não é característico das originais, não possui a mesma blindagem elétrica, etc. Mas, desta forma não dá para desmontar um instrumento dentro de uma loja ou na casa do cidadão que está vendendo a guitarra. Então todo cuidado é pouco, e conhecer detalhes do instrumento que se esteja interessado ajuda bastante.

Só para constar, quando digo que esses instrumentos são ótimo custo/beneficio, quero dizer que custam menos do que valem. Quero que entendam que não são equivalentes aos originais que emitam. Podem vir a ser muito próximos, desde que seja feita correções e melhorias na funcionalidade do instrumento e troca de acessórios.

Até a próxima e que Deus abençoe a todos.