Por Márcio Okayama

Muitos garotos nos perguntam em aulas, clínicas, works, sobre a realidade do mercado musical; a famosa questão do viver ou não de música.

O fato é que na verdade, um grande percentual desses garotos está sendo vitimas de uma pressão externa forte, em função do momento histórico me que vivemos; um mundo hiper-capitalista, onde o consumismo e a ascensão social são práticas obrigatórias, tanto da manutenção do “status quo”, como também do rito de iniciação e aceitação do individuo perante a sociedade.

Triste é que os valores básicos, que no frigir dos ovos, definem a identidade, espiritualidade de cada um são atropeladas pela histeria geral e pressão que se coloca sobre os nossos ombros.

Viver de música e de arte de um modo geral, nunca foi fácil… O fato é que é um mercado instável em total formatação e reestruturação em função da necessidade que se dele demanda no mundo.

Se cria toda uma mitologia e expectativa ao redor da carreira de músico , sendo que apenas quem realmente está envolvido de forma profunda com o mercado sabe a real do que se passa.

Uma referência ótima e tocante em relação a este quesito, é o ótimo documentário, sobre a banda canadense Anvil; este mostra o como a situação do cenário musical pode ser extremamente injusta.

Lembro que na minha parede em meu quarto de adolescente “metalhead”estava pendurado ,entre vários outros, um pôster do Lips com sua famosa Flying V semi acústica , tirado da capa de uma Rock Brigade.

Para alguns, “shock reality total…para mim apenas mais uma situação que ocorre de pancada,tanto com artistas como com gente “normal”…. vi isto aos montes nestes meus vinte e poucos anos de trabalho no meio musical.

O fato é que a música é quase uma entidade sobre-natural ; para quem se envolve a fundo, ela se manifesta numa energia sutil que acaba por cercear cada uma das partes envolvidas do que necessitam; para alguns . esta é uma maneira pela qual a Providência se manifesta.Acredito que Deus dá um “bônus track”para loucos e largados,pela inocência como enxergam o mundo….

Meu professor, o Michel Perie, falava que os parentes dele diziam que ser músico era quase como ser sacerdote.Talvez pela abnegação ,mas acima de tudo pela fé….

Isto tudo independente de ser músico profissional,artista,amador, musico em parte do tempo,ou apenas amante desta arte.

Com certeza Lips e Robb Reiner, são envolvidos e abençoados com esta energia, independente do sucesso comercial e patamar de posição que estiverem.

Márcio Okayama